domingo, 1 de fevereiro de 2015

Polícia brasileira e polícia francesa comparadas: ligeiras considerações à luz do episódio do Charlie Hebdo


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Carlos Alberto Marchi de Queiroz*

Ontem palestrei para 50 amigos num auditório para 75 pessoas. A Polícia brasileira, Federal, Civis e Militares, e as Guardas Municipais, trabalham como agentes do delegado de polícia, que, infelizmente, não judicializa a prova no inquérito policial. 
Na França, a Police Nationale e a Gendarmerie Nationale, cada uma na sua área, urbana e periurbana, trabalham independentemente, para o Ministério Público, que produz o inquérito judicial cujas provas são autenticadas pelo juiz instrutor, evitando a sua repetição em juízo. 
A PN, civil, e a GN, militarizada, são independentes, não se relacionam, como no Brasil, mas trabalham em ciclo completo, do fato à denúncia. As Polices Municipales são equivalentes à nossas GMs .Mas na França os prefeitos são mais confiáveis. Elas trabalham, ou com a PN ou com a GN. Não fazem enquete. Só são forças-tarefas. 
Os policiais franceses, desses três estamentos, ganham muito bem. Todos eles, desde a época da academia de polícia, estudam meio período nas escolas de polícia e trabalham outro meio período na rua. As três polícias francesas ganham muito bem. A PN e a GN tem, ao todo 200.000 policiais, mais 20.000 oficiais administrativos, não policiais, que ganham tão bem quanto os policiais. 
No Brasil, paga-se R$ 900,00 aos administrativos, que não querem trabalhar na policia, pois qualquer doméstica ganha muito mais. Sustentei que o delegado de polícia não vai desaparecer nos nossos 27 Brasis, pois para tal, é preciso uma reforma constitucional. 
Pedi que os políticos contratem administrativos bem pagos pelas respectivas organizações evitando o desvio de função. Sugeri que, desde a academia, os futuros profissionais trabalhem nas ruas. Sugeri, também, uma reforma constitucional a fim de que as nossas GMs passem a ser chamadas de Polícias Municipais, como na Argentina, no Peru, no México , na Alemanha e na França. Não falei do Charlie Hebdo, assunto difícil até para o Papa Francisco. Faltam estudiosos de Policing no Brasil.

* Professor Universitário e docente da Academia de Polícia "Dr. Coriolano Noguera Cobra" do Estado de São Paulo e colaborador do Polícia On-line

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